Como ser mais feliz e se relacionar melhor com os outros?
Por Orlando Oda
A grande maioria dos problemas de convívio diário tem origem na nossa maneira errada de se relacionar com pessoas: familiares, colegas de trabalho, chefes, vizinhos, concorrentes, etc. Brigamos e ficamos irritados com os procedimentos das pessoas. O que é necessário para sermos mais harmoniosos e felizes?
As pessoas chatas são geralmente pessoas que tem em sua cabeça regra rígida do certo e do bem e criticam abertamente as atitudes das pessoas que não seguem a regra. O ser humano para ser feliz é necessário “ser livre”. Porém, as pessoas se amarram a regras criadas por elas próprias, ficam presas e infelizes.
Enquadram mais neste universo as pessoas “boas” e pessoas “inteligentes”. Pessoas “boas” porque tem regras bem definidas de condutas. Pessoas “inteligentes” porque veem demais os defeitos dos outros. Por essas razões ambas criticam mentalmente as atitudes de pessoas e tem dificuldade de viver harmoniosamente.
A inadequação manifesta-se como ponto de vista fixo, “tem que ser assim”, “tem que ser desta ou daquela maneira”, etc. A menor distância entre dois pontos não é uma linha reta. É só do ponto de vista da percepção do nosso olho. Ainda não aprendemos que tudo é relativo. Tudo depende do ponto de vista, onde está situado o observador.
Oscar Niemeyer dizia que “não é a linha reta, dura e inflexível, feita pelo homem, que me atrai. O que me chama a atenção é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu país, nas margens dos seus rios, nas nuvens do céu e nas ondas do mar. O universo está cheio de curvas, um universo de Einstein”.
O ser humano que segue uma linha reta, dura e inflexível comporta-se como um trem. O trem se acidenta porque só sabe andar em linha reta. Pessoas que seguem linhas rígidas atritam constantemente com outras pessoas. A nossa forma de agir também deve ser como universo de Einstein: cheio de curvas para não entrar em choque.
No livro “A Verdade da Vida”, o Prof Massaharu Taniguchi afirma que “para prosperarmos, para vivermos sem atrito é necessário que haja três adequações. Precisamos viver em harmonia realizando coisas adequadas à nossa pessoa, à hora e ao lugar. Os passarinhos cantam felizes no céu e os grilos cricrilam felizes sob os capins. É inútil tentar fazer os grilos cantarem no céu”.
O que define se um determinado fato é um bem ou um mal é a tríplice adequação à pessoa, à hora e ao local. Dependendo da adequação a um desses três elementos, o bem pode se transformar em mal, ou mal, em bem. Não existe uma regra definida para o bem e o mal. Exemplos: trajar de acordo com o lugar, a pessoa e momento, falar alto ou baixo, mentir ou não mentir, ser dócil ou rigoroso, dar ou não dar esmola, etc.
Normalmente condena-se a mentira, mas quando um médico examina um paciente e verifica que este está muito mal, muitas vezes diz a ele que logo ficará bom a fim de deixá-lo mais animado. Se estabelecendo regra que não deve mentir, o médico falar a verdade ao paciente. “Creio que você não sairá desta”, o paciente se desanimará e ficará mais doente ainda e acabará morrendo.
Portanto o certo e o errado mudam de acordo com a adequação à pessoa, à hora e ao local. Para ser feliz na vida pessoal e profissional é preciso estar ciente dessas três adequações e não criticar arbitrariamente as atitudes dos familiares, clientes e dos colegas de trabalho, mantendo sempre um relacionamento harmonioso.
O segredo para viver feliz, sem desarmonizar com as pessoas é saber agir de acordo com a pessoa, a hora e ao lugar. Não ficar preso a um só ponto de vista, procurar ver as partes certas e boas de outras pessoas. Sentar no lugar do outro, aceitar as eventuais falhas. Quer ser feliz ou ter a razão? Eu optaria em ser feliz.
*Orlando Oda é administrador de empresas, mestrado em administração financeira pela FGV e presidente do Grupo AfixCode.