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Como sobreviver em tempos de crise

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Por Eli Borochovicius

A situação econômica no país está complicada. Foram mais de 10 anos de inflação estável, mas os números iniciais de 2015 preocupam. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) referente ao mês de março desse ano a 1,32%, o maior percentual desde fevereiro de 2003 (1,57%).

A inflação média dos 3 primeiros meses de 2015 atingiu 1,26%, sendo a energia elétrica a principal responsável pela alta registrada. Para ter uma ideia de grandeza, de 2004 a 2014, a média do índice foi de apenas 0,46%.

De forma simplificada, os preços estão subindo, não em função de demanda, mas especialmente pela elevação de preços de energia elétrica, combustível e água. A população está sem dinheiro e temerosa pela possibilidade de perda do emprego, já que as empresas não estão vendendo. O caos está formado.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV) o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) avançou 6,9%, atingindo 83,4 pontos em março de 2015, ou seja, aumento do desemprego motivado por demissão.

Como o brasileiro está endividado, sem dinheiro e observando a escalada de preços, restou recorrer às reservas para diminuir o impacto das altas taxas de juros cobradas em caso de inadimplência. No primeiro trimestre do ano, a poupança, queridinha dos brasileiros, teve o pior desempenho dos últimos 15 anos. De acordo com os dados do Banco Central do Brasil (BCB), os resgates superaram os depósitos em mais de 23 bilhões de reais. Isso significa que as pessoas estão sacando o dinheiro da poupança.

Um dos motivos é que pelo 3º mês seguido, o dinheiro que está “investido” na poupança valorizou menos que o índice de inflação, ou seja, dinheiro parado na poupança é perder poder de compra.

Diante desse cenário complexo, uma alternativa para balancear o orçamento das famílias, arcar com as responsabilidades financeiras e manter o padrão de vida alcançado é a ampliação das receitas. É possível empreender em novos negócios para aumentar a renda da família. O relatório executivo de empreendedorismo no Brasil do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) aponta que a taxa total de empreendedores é de 34,5%, ou seja, pelo menos 3 a cada 10 brasileiros entre 18 e 64 anos de idade tem uma atividade empreendedora, o que equivale a 45 milhões de brasileiros empreendedores. Em suma, o brasileiro está buscando mesmo novas fontes de renda.

Além da ampliação das receitas, é oportuno reduzir as despesas para equilibrar as contas e com a crise hídrica, a população se viu obrigada a criar condições e elementos alternativos para o melhor aproveitamento do recurso natural e passou a economizar mais, reduzindo os seus gastos.

É necessário que a cultura do “não desperdício” se perpetue e que os investimentos em alternativas que possibilitem o melhor uso dos recursos naturais continuem, ainda que a crise seja amenizada nos próximos meses.
A recomendação é essencialmente que sejam estabelecidas metas familiares de gastos e que a sobra de caixa pela redução das despesas seja investida visando reduzir os impactos de dificuldades financeiras futuras.

A criação da cultura de formação de poupança precisa estar mais arraigada na população, que hoje é voltada para um consumismo exacerbado.

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Eli Borochovicius
Professor de finanças, empresário, palestrante e colunista.

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