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Casa da Criança Paralítica finaliza atendimento domiciliar na região Noroeste de Campinas e estende à região Sul

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Financiado pela fundação inglesa The Edward Gostling Foundation, o Projeto REDI -Reabilitação, Estimulação, Desenvolvimento e Inclusão – atende pessoas com deficiência moradoras de regiões vulneráveis da cidade

Após um ano de atividades, o Projeto REDI (Reabilitação, Estimulação, Desenvolvimento e Inclusão), executado pela Casa da Criança Paralítica (CCP), de Campinas, e financiado pela fundação inglesa The Edward Gostling Foundation, finalizou em maio último o atendimento domiciliar a 48 pessoas com deficiência moradoras da região Noroeste do município.  Agora estão sendo atendidos 21 moradores da região Sul, com a previsão de chegar até 40 pessoas em um total de 12 meses, na faixa etária de zero a 50 anos. Ambas as regiões foram escolhidas pela CCP por apresentar um alto índice de vulnerabilidade social. No caso da região Noroeste, há, inclusive, várias habitações construídas em áreas de risco (invasões), algumas sem saneamento básico, e um alto índice de violência urbana e doméstica.

A equipe multiprofissional responsável pela execução do projeto, formada por assistente social, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional, faz uma busca domiciliar ativa por pessoas com deficiência sem nenhum tipo de assistência de saúde ou benefício social, para atendê-las, orientá-las sobre seus direitos e encaminhá-las, de forma descentralizada da CCP, aos serviços disponíveis em Campinas. Com isso, possibilita a reabilitação e inclusão delas, por meio de articulação da rede existente no município. Ao todo, indiretamente, somente na região Noroeste, onde já finalizou o projeto, a equipe do REDI atendeu um público de 220 familiares (pois apenas quatro das 48 pessoas com deficiência moram sozinhas), realizou 135 visitas domiciliares e 42 encaminhamentos à rede.

“Nesse período de um ano atuando na região Noroeste, nossa equipe passou por vários desafios e vivenciou a complexidade dos moradores dessa área de Campinas, que possui poucos equipamentos sociais e equipes incompletas nas Unidade Básica de Saúde (UBS). Também não dispõe de equipamento para reabilitação física no território, o que impacta diretamente em sua saúde e qualidade de vida. Os usuários precisam ser encaminhados, por exemplo, ao Complexo Hospitalar Prefeito Edivaldo Orsi, na região Sudoeste, ou para o Centro de Referência em Reabilitação Jorge Rafful Kanawaty (CRR), em Sousas, na região Leste, ou ainda para o Centro de Reabilitação Lucy Montoro em Barão Geraldo, na região Norte”, observa Marcia Maria de Oliveira, assistente social do projeto. Além dela, a equipe do REDI é composta atualmente pela terapeuta ocupacional Thais Vieira Silva Lima e pela fisioterapeuta Mawusi Anastácia Campos da Silva.

Segundo Márcia, as pessoas com deficiência foram encaminhadas não apenas aos serviços de saúde como também apresentadas aos serviços de garantia de direitos, como conselho tutelar, Defensoria Pública do Estado de São Paulo (DPE), Defensoria Pública da União (DPU) e cartórios civis. “O projeto garantiu, por exemplo, o acesso a documentos civis, como certidões de nascimento, casamento, RG e até ao Cadastro Único para que fossem inseridos em programas sociais e de distribuição de renda do governo federal. Realizou discussões sobre o transporte público gratuito de Campinas e, em conjunto com outras instituições que atendem pessoas com deficiência e de saúde mental do município, entregou no ano passado ao presidente da Emdec, Vinícius Riverete, e ao presidente da Câmara Municipal de Campinas Luiz Rossini, um documento com 1.378 assinaturas, que foi protocolado na prefeitura de Campinas, mostrando as adequações necessárias para atender esse público”, enumera Márcia.

Acesso a direitos

A Defensoria Pública do Estado de São Paulo, instituição pública voltada para promover, proteger e efetivar os direitos das pessoas, é uma das parceiras do REDI desde o início do projeto. Andresa Alves de Carvalho Poppe, agente da Defensoria Pública e assistente social do Centro de Atendimento Multidisciplinar (CAM) Vila Mimosa, no Jardim Yeda, em Campinas, e a defensora pública e coordenadora do CAM, Lucia Reinert, contam sobre a parceria. “Os casos são encaminhados para nós, a partir de agendamentos. Geralmente são mães solo, com dificuldades de acesso a alimentos específicos e ao serviço do PAI (Programa de Acessibilidade Inclusiva), que é o transporte público gratuito para pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida, responsável pelo serviço porta a porta, via agendamento”, explicam. Segundo Andresa, o REDI é “um projeto muito enriquecedor e importante pela própria proposta. A equipe multidisciplinar verifica as singularidades dos usuários sob o prisma de cada profissão. E proporciona a eles acesso a direitos que desconheciam e pertencimento ao município, não só ao território. É muito potente em alcançar resultados expressivos, principalmente por dar escuta e direcionamentos qualificados aos usuários.”

Durante o período de atuação na região Noroeste, o projeto ofertou vários dispositivos aos usuários para melhorar a qualidade de vida deles e de seus familiares, como cadeiras de banho, cadeiras de roda, colchões, órteses e barras de apoio, além de construções do próprio domicílio.

Hélio Benedito dos Santos, de 45 anos, foi um dos atendidos pelo REDI. Indicado ao projeto pelo centro de Saúde Perseu Leite de Barros, Hélio está acamado e com paralisia do lado esquerdo do corpo há mais de um ano. Está sob os cuidados da irmã Lilian Carla dos Santos Alves, que mora vizinha à casa dele no núcleo habitacional do Jardim Nova Morada. De acordo com Lilian, que trabalha como cuidadora, a ajuda da equipe do REDI foi importante sob vários aspectos. “Consegui, por meio da assistente social do projeto, o BPC (Benefício de Prestação Continuada). Com ele, posso pagar uma cuidadora pro Hélio, que vem aqui nos dias que eu trabalho, ou pagar as medicações que não são fornecidas pelo posto de saúde, assim como as fraldas e luvas para o banho no leito. Também deram órteses de membro inferior, um colchão e outros itens. Eu não teria condições de comprar isso. O projeto me ajudou muito mais do que o postinho aqui do bairro. Foi uma fisioterapeuta da Casa da Criança Paralítica que me ensinou como melhor cuidar do meu irmão, que está totalmente acamado e dependente”, afirma Lilian.

Os casos de alta complexidade em adultos são os mais desafiadores para a equipe do projeto. “Essas pessoas ficam isoladas em casa, com várias deformidades, principalmente os idosos. Necessitam de atendimento domiciliar. Sem fisioterapia, piora o quadro da pessoa com deficiência, que fica à margem da sociedade e trazendo sobrecarga para os cuidadores, geralmente mães idosas”, diz Márcia.

A equipe do REDI aponta que é preciso descentralizar o atendimento à pessoa com deficiência, instalando centros de referência em todos os territórios, não limitado ao de Sousas. E ressalta que, além de descentralizado, é fundamental um atendimento mais humanizado e qualitativo para os usuários.

Como surgiu o projeto

O Projeto REDI, idealizado e executado por uma equipe contratada pela Casa da Criança Paralítica, teve início em maio de 2022, quando realizou atendimentos a 42 usuários diretos e mais de 250 indiretos na região Sudoeste de Campinas, com patrocínio da FEAC. Agora, está no terceiro ano de execução, em parceria com The Edward Gostling Foundation, que financia o REDI há dois anos.

As atividades da equipe multiprofissional são realizadas às segundas, quartas e sextas-feiras, das 13 às 17 horas. O foco é atender pessoas com deficiência de zero a 50 anos das regiões mais vulneráveis de Campinas. Para participar do projeto é necessário entrar em contato pelo telefone (19) 99279-6300 ou pelo e-mail: redi@ccp.org.br para agendar uma avaliação. Os atendimentos e orientações são realizados de forma gratuita em um período determinado pela equipe, sendo que, após esse período, o usuário que necessitar de manutenção ou de atendimentos especializados é encaminhado para outros serviços.

O projeto tem por objetivo a promoção humana e o bem-estar social, em conformidade com a Lei Brasileira da Inclusão, de 2015, que diz que “toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação.”

A equipe do projeto desenvolveu cartilhas de orientação a essa população, como a que traz os cuidados necessários junto a acamados ou com mobilidade reduzida, evitando lesões por pressão, melhorando posicionamento e conforto no leito; e sobre Serviços de Garantias de Direitos, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), garantido pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) a pessoas portadoras de deficiência com qualquer idade, com impedimentos de natureza física, mental, intelectual ou sensorial de longo prazo. Para a concessão do BPC, a renda mensal por pessoa da família dever ser de até um quarto do salário-mínimo vigente.

Sobre a Casa da Criança Paralítica

Fundada em 17 de janeiro de 1954, a Casa da Criança Paralítica (CCP) oferece atendimento especializado gratuito a crianças, adolescentes e jovens com deficiência física nas áreas de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, médica, odontologia, psicologia, nutrição, serviço social, pedagogia e informática, além de orientação à família. Desde 2018, a CPP realiza adaptações e consertos de cadeiras de rodas na Oficina Locomover, que em breve também passará a produzir órteses e próteses de forma gratuita.

Ao longo de 70 anos de atividades, cerca de 20 mil pessoas já passaram pela instituição, que foi escolhida como uma das 100 organizações não governamentais do País para receber o Prêmio Melhores ONGs 2022, realizado pelo Instituto Doar em parceria com O Mundo Que Queremos e apoio da Ambev.  

Fonte: Assessoria de Imprensa

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