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A Batalha Final: Como a Desconstrução de Imagem Pode Virar o Jogo Eleitoral

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Descubra por que a guerrilha digital é a arma secreta que pode decidir uma eleição enquanto as fake news falham miseravelmente.

Por Marcelo Senise

Nos últimos dias de uma campanha eleitoral, cada movimento estratégico pode ser decisivo para definir o resultado das urnas. Em um cenário onde a competição é acirrada, a desconstrução de narrativas e personas construídas pelos oponentes emerge como uma ferramenta essencial para garantir uma campanha competitiva e, possivelmente, a vitória. Este artigo explora a importância da desconstrução na etapa final de uma campanha majoritária, destacando a superioridade da guerrilha digital sobre as fake news.

A desconstrução, no contexto eleitoral, refere-se ao processo de desmantelar a imagem cuidadosamente construída pelos oponentes. Nos últimos 20 dias de campanha, quando muitos eleitores ainda estão indecisos, essa estratégia pode influenciar decisivamente suas opiniões. A desconstrução eficaz revela inconsistências, expõe vulnerabilidades e desafia a narrativa dominante do adversário, permitindo que os eleitores reconsiderem suas escolhas.

Em campanhas majoritárias, os candidatos constroem narrativas e personas que ressoam com o eleitorado. Desconstruir essas construções é crucial para minar a credibilidade do oponente. Isso pode envolver a exposição de contradições, a exploração de falhas em suas propostas ou a revelação de comportamentos inconsistentes. Ao fazer isso, a campanha não apenas enfraquece a base de apoio do adversário, mas também reforça sua própria posição como uma alternativa viável.

Apesar de sua notoriedade, as fake news são a pior maneira de se tentar desconstruir um oponente. Além de serem eticamente questionáveis e potencialmente ilegais, elas são uma ferramenta fraca e ineficaz. Fake news podem ser facilmente desmascaradas, resultando em danos à credibilidade de quem as dissemina. Além disso, o uso de informações falsas pode alienar eleitores informados e críticos, que valorizam a integridade e a verdade.

A dependência de fake news pode rapidamente destruir a reputação de uma campanha se as informações forem desmentidas. Em muitos países, incluindo o Brasil, onde pessoalmente trabalhei pela legislação que torna as famigeradas fakes news em crime, a disseminação delas pode resultar em penalidades legais severas. Eleitores estão cada vez mais céticos e capazes de identificar informações falsas, tornando essa estratégia ineficaz.

Em contraste, a guerrilha digital se destaca como uma abordagem poderosa e legítima para a desconstrução. Utilizando a webmilitância, as campanhas podem engajar eleitores de maneira autêntica e impactante. Essa estratégia envolve o uso de conteúdo factual, humorístico e viral para desafiar as narrativas dos oponentes, criando uma presença digital robusta e influente.

Produzir vídeos e memes que utilizem fatos verificados para criticar o oponente garante que o conteúdo seja compartilhável e ressoe com o público. Interagir diretamente com os eleitores nas redes sociais, respondendo a dúvidas e promovendo discussões construtivas, fortalece o engajamento autêntico. Além disso, utilizar dados para direcionar mensagens específicas a grupos de eleitores aumenta a eficácia da comunicação.

Na reta final de uma campanha eleitoral, a desconstrução de narrativas e personas dos oponentes é fundamental para garantir uma campanha competitiva. Enquanto as fake news representam uma abordagem fraca e arriscada, a guerrilha digital oferece uma estratégia poderosa e ética para influenciar a opinião pública. Ao adotar técnicas de desconstrução baseadas em fatos e engajamento digital, as campanhas podem não apenas desafiar seus oponentes, mas também fortalecer sua própria posição no cenário eleitoral.

Pessoalmente, considero a hipocrisia que cerca o mercado do marketing político um tema fascinante e, ao mesmo tempo, preocupante. Este tipo de estratégia é muitas vezes tratado como um tabu na área, mesmo sendo amplamente utilizado nos bastidores. A desconstrução de imagem é uma prática comum, mas raramente discutida abertamente, o que revela uma certa duplicidade no discurso dos profissionais do setor. Enquanto muitos condenam publicamente tais práticas, nos bastidores, reconhecem sua eficácia e até a implementam. Esta dissonância ressalta a necessidade de uma discussão mais transparente e honesta sobre as táticas utilizadas nas campanhas políticas.

Marcelo SeniseIdealizador do IRIA – Instituto Brasileiro para a Regulamentação da Inteligência Artificial,  Sócio Fundador da Comunica 360º e CEO da CONECT.IA, Sociólogo e Marqueteiro, atua a 35 anos na área política e eleitoral, especialista em comportamento humano, e em informação e contrainformação, precursor do sistema de analise em sistemas emergentes e Inteligência Artificial.

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