“O Corpo como Relicário” faz sua estreia na região de Campinas
Após sete meses de intensos laboratórios de criação no galpão de uma fábrica em Sumaré, estreia do espetáculo de dança “O Corpo como Relicário”, projeto artístico do Núcleo BPI, da Unicamp, ocorre no local nos dias 26 e 27/08, seguida de mais duas apresentações em Ribeirão Preto, dias 02 e 03/09, e de volta a Campinas em 05 e 06/09, na Estação Guanabara
O espetáculo de dança contemporânea “O Corpo como Relicário” faz sua estreia na região de Campinas, depois de sete meses de ensaios. O projeto artístico será apresentado pela primeira vez ao público nos dias 26 e 27 de agosto, no mesmo espaço onde o processo ocorreu, no galpão da Fábrica Flaskô, em Sumaré, com entrada gratuita. Depois disso, segue para Ribeirão Preto, com apresentações nos dias 2 e 3 de setembro, no Armazém Baixada, como parte da programação do 13º Festival de Teatro do TPC – Teatro Popular de Comédia, e volta para apresentações em Campinas, na Estação Guanabara, nos dias 5 e 6 de setembro.
“O Corpo como Relicário” é um projeto artístico do Núcleo BPI, dirigido pela professora titular do Instituto de Artes da Unicamp, Graziela Rodrigues. Este espetáculo congrega o trabalho de pesquisa da diretora e de sete bailarinos-pesquisadores-intérpretes, todos artistas pesquisadores da pós-graduação em Artes da Cena, com a participação de mais três alunas da graduação em dança do Instituto de Artes da Unicamp.
“É um espetáculo visceral que traz ousadia, sacralidade e uma linguagem corporal excepcional, objeto de criação única e de exploração ao máximo de sete bailarinos-pesquisadores-intérpretes, que junto à direção trouxeram à tona o estudo de movimentos impressos no corpo brasileiro, como relicário das tradições populares e sagradas deste povo”, afirma a diretora. Este trabalho é resultado de anos de pesquisas, que envolvem movimentos de tradições ancestrais de formação do povo brasileiro, passadas pela oralidade e musicalidade em comunidades que ainda hoje dão continuidade a estas tradições. O resultado é um grande espetáculo de tirar o fôlego e de muita vibração.
A proposta da direção artística, para este projeto, visou uma abordagem contemporânea de dança em que os intérpretes trazem para os seus corpos um movimento de intensidade e organicidade. O trabalho foi criado dentro do método Bailarino-Pesquisador-Intérpete (BPI), o qual propõe um mergulho no mundo interior da pessoa, um contato real com as próprias sensações e não uma representação. “É preciso despir-se das identidades de bailarino – e desta forma elas são ressignificadas, para que possa entrar em contato com as suas próprias alegorias na interação com diferentes realidades sociais”, comenta Graziela.
Concepção
Constituído de sete espaços com seus respectivos personagens, os ambientes de relicários trazem uma apuração de pesquisas de campo de cada intérprete, temas de anos de estudo e pesquisa acadêmica, com teses defendidas de mestrado e doutorado. Foram pesquisados: benzedeiras ribeirinhas (AM), parteiras Pankararu (PE), quebradeiras de coco babaçu (MA), baianas de escolas de samba (SP), ciganos (SP), folguedos do Boi (MG, MA, MT) e a comunidade dos Arturos (MG). Os temas norteiam a cenografia, o figurino, composto ainda por instrumentos musicais. Entre eles, chocalho, tambor, gunga – um instrumento usado nas Congadas pelo Brasil mineiro e máscaras da festa do divino e das cavalhadas de Pirenópolis, em Góias, utilizados pelos bailarinos para recepcionar o público estes elementos vão sendo desenvolvidos ao longo do espetáculo.
Como pesquisa de campo para este projeto, o Núcleo BPI esteve por 11 dias em Pirenópolis, no mês de maio e junho deste ano, quando o grupo fez pesquisas in loco nestas tradições populares. Junto às pesquisas de movimentos foram realizados laboratórios permanentes, com vivência real dos intérpretes durante as manifestações do Divino através das folias, dos festejos dos mascarados, das cavalhadas e, inclusive, com participação dos pesquisadores no cotidiano interno das festas, como o das cozinhas dos festejos.
No retorno ao espaço de laboratório da fábrica Flaskô, em Sumaré, a diretora Graziela Rodrigues procurou apurar no corpo de cada personagem, o que sedimentou em termos de ‘Corpo-Relicário’ advindos desta experiência. Este processo de lapidação, do espaço de cada ‘Relicário’, foi condensado para deixar o essencial e sobrepor o movimento, o tônus e a gestualidade de um corpo em cena que materializa um espaço imaginário, preenchendo o Relicário com acontecimentos que são apresentados pela dança. O espaço ficou assim constituído: o solo demarcado por caminhos e rodeados pelos sete relicários e uma área central onde ficam os bailarinos em evidência e contam assim a história através da dança e interações numa ação coletiva que apresenta seus mistérios.
Nos ‘espaços-relicários’ os movimentos dos bailarinos apresentam a luta contra o aniquilamento de um povo; o esforço e a compaixão em trazer à vida a despeito da falta de tudo; o despedaçar-se num cotidiano compensado pela transcendência; a fome constante e a busca pela sobrevivência; o desterramento e a manutenção dos valores no próprio corpo; o peito transpassado pelo dor que também alimenta; e o acolhimento daquilo que é rechaçado. São tradições tão antigas que ao mesmo apresenta uma informação tão contemporânea da condição humana, que trazem à memória um povo.
Sobre o Núcleo BPI
A pesquisa artística do Núcleo BPI centraliza-se no processo criativo a partir do desenvolvimento de uma identidade do corpo de cada intérprete. Essa identidade é desenvolvida na relação do intérprete com segmentos sociais brasileiros específicos e/ou manifestações populares brasileiras, contatados em pesquisas de campo.
Os espetáculos no Método BPI (Bailarino-Pesquisador-Intérprete) vêm sendo desenvolvidos de forma contínua desde 1980 com a criação, atuação, e posterior direção, de Graziela Rodrigues.
A partir de 1987, o Método BPI passou a ser desenvolvido no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, com o trabalho de Graziela Rodrigues na Graduação em Dança e na Pós-Graduação em Artes da Cena como Docente e Pesquisadora. Dentro da universidade deu-se seguimento às produções artísticas de forma contínua e a instauração oficial do Grupo de Pesquisa NÚCLEO BPI, que apresenta desde então um trabalho genuíno da busca de um movimento corporal legitimamente brasileiro.
Todos os espetáculos dentro do Método BPI estiveram ligados às pesquisas de campo de segmentos sociais específicos e/ou manifestações populares do Brasil. Entre os temas já abordados estão Mulheres Candangas, Stripteasers, Bóias-Frias, Cortadoras de Cana, Moradoras de Rua, Colhedoras de Café, Mulheres Xavante, além de pesquisas em Terreiros de Umbanda, Comunidades Caiçaras, Festividades do Ciclo do Divino, Folguedos do Boi, dentre outras. Todas as pesquisas foram realizadas pelo método e seu corpo de bailarinos-pesquisadores.
Ainda fazem parte da equipe do espetáculo “O Corpo como Relicário” ainda um assistente de direção, fotógrafo e videomaker, cenógrafo, figurinista, músicos e iluminador. Toda a equipe artística e técnica é composta de docentes, alunos e ex-alunos da Unicamp.
O espetáculo “O Corpo como Relicário” é uma realização do Núcleo BPI por meio do apoio do Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura do Estado de SP (ProAC Edital 04/2016) e da FAEPEX – Fundo de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão da Unicamp. Conta com a parceria da Flaskô, do Instituto de Artes da Unicamp / Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Grupo TPC – Teatro Popular de Comédia, de Ribeirão Preto.
Ficha Técnica
Direção: Graziela Rodrigues
Intérpretes: Elisa Costa, Flávio Campos, Larissa Turtelli, Mariana Floriano, Mariana Jorge, Nara Cálipo e Natália Alleoni.
Assistente de direção: Paula Caruso
Participação especial e Apoio Técnico: Jaqueline Soraia, Flávia Pagliusi e Yasmin Berzin
Produção Cultural: Mariana Floriano e Núcleo BPI
Cenografia e figurino: Márcio Tadeu e Heloísa Cardoso
Assistência plástica: Gabih Fuziyama
Trilha sonora: Fábio Evangelista
Fotos e vídeos: João Maria
Iluminação: Francisco Barganian
Arte gráfica: Giacko Studio
Costureiras: Juliana Di Salvi e Creusa Ferreira Quintans
Máscaras: artesões de Pirenópolis
Luthier: Cris Bueno e Toshiro.
Duração: 1h15min.
Faixa etária: todas as idades
Serviço:
Espetáculo de dança “O Corpo como Relicário”
Entrada: gratuita ( todas as apresentações)
Sumaré – Fábrica Flaskô
Datas: 26 e 27/08 – 19 h
Rua Marcos Dutra Pereira, em frente ao número 766 – Sumaré
Retirar senha no local, meia hora antes do início
Ribeirão Preto – Armazém Baixada
Datas: 02/09 – 20h e 03/09 – 19h
Rua Duque de Caxias 141, Centro – Ribeirão Preto
Retirar ingresso no TPC (Rua Marcondes Salgado, 731) de segunda a sábado, das 9h às 22h
Mais informações do 13ª Festival do TPC no site: www.teatrotpc.com.br
Campinas – CIS Guanabara
Datas: 05 e 06/09 – 20h
Rua Mario Siqueira, 829 – Campinas
Retirar senha no local, meia hora antes do início