Lanche Boquinha de Anjo agora é símbolo gastronômico e cultural de Campinas
Projeto de Lei de reconhecimento proposto pela Abrasel foi sancionado nesta quarta-feira (25)
Criado em Campinas na década de 60, presente em quase todas as cidades brasileira e hoje conhecido mundialmente pelos turistas que visitam a região, o sanduiche Boquinha de Anjo agora é oficialmente considerado símbolo gastronômico e cultural de Campinas. A Lei 16.630 foi sancionada nesta quarta-feira, dia 25, pelo Prefeito e publicada no Diário Oficial do Município. Outra lei, esta que institui o dia 10 de Maio como data oficial do lanche, também está para ser promulgada.
A proposta para reconhecer e valorizar o lanche e preservar a cultura gastronômica local foi apresentada em março pela diretoria da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) Regional Campinas aos vereadores. A ideia ganhou forma em Projeto de Lei, de autoria do presidente da Câmara Municipal Luiz Rossini, e aprovada pelos vereadores.
André Mandetta, presidente da Abrasel Regional Campinas, a ideia de se propor um projeto de lei para transformar o Boquinha de Anjo em Patrimônio da Cidade tem como objetivo preservar a memória da gastronomia local, rica em sabores e gostos.
“Diversas cidades e capitais brasileiras têm seu prato típico e Campinas agora tem o Boquinha de Anjo como símbolo gastronômico e Cultural, que é conhecido nacionalmente”, diz. “Com essa lei, preservamos a história do lanche, que vem enriquecer a nossa cultura gastronômica, já que Campinas é hoje considerada a Capital da Gastronomia no Interior de São Paulo”, acrescenta.
“A importância de se reconhecer o Boquinha de Anjo como Símbolo Gastronômico e Cultural de Campinas é valorizar uma iniciativa que surgiu dentro da cozinha de um bar antigo da cidade, por iniciativa dos próprios cozinheiros que, de forma criativa inventaram essa modalidade de lanche que se tornou tradicional, alavancou as vendas, se espalhou para todos os bares de Campinas, para o Brasil e até Madri, ganhando uma grande dimensão”, explica o autor. “Com isso, Campinas mais uma vez é referência na gastronomia”, completa.
Pela Lei, o Boquinha de Anjo é o lanche em que se aplica técnica de corte longitudinal para deixá-lo dividido em vários pedaços, facilitando o compartilhamento e o consumo.
A concepção da iguaria é de autoria de funcionários da choperia Giovannetti, pelas mãos de um então chapeiro da casa, hoje falecido, conhecido como Moleza. Com pontas de peças de frios que não eram fatiadas, o lanche feito com pão francês era cortado em oito pedaços e inicialmente servido ao final do expediente para os funcionários.
Genilson Souza Urcino, gerente da unidade do Giovanetti Rosário, relembra a história. “Eram ‘juntadas’ as pontas dos frios que sobravam da noite – rosbife, muçarela, entre outros – e colocadas em um recipiente para fazer um lanchão para todos”, conta.
Pedro “Possante” João de Carvalho, hoje com mais de 80 anos e à época funcionário do Giovanetti, completa a narrativa. “Como o lanche era muito volumoso, cortávamos em pedaços menores para podermos compartilhar com todos”, lembra.
Pouco depois, o Boquinha de Anjo foi colocado no cardápio, especialmente para o público feminino, ganhou maior popularidade e ficou o mais famoso entre os clientes. A então novidade lançada pelo Giovannetti também acabou se espalhando no decorrer das décadas por outros bares e botecos de Campinas e conquistou prêmios nacionais de festivais gastronômicos, chegando posteriormente a cidades de outros países, como a metrópole espanhola Madrid.
Segundo o presidente da Abrasel Campinas, a ideia da entidade é criar um festival local de Boquinha de Anjo, com a criação de um prêmio para a escolha do melhor sanduíche pela população, a exemplo do que já existe com outros festivais. Esse festival, explica, deverá ocorrer nos próximos anos, em março, quando o deverá ser comemorado o Dia do Boquinha de Anjo.
“O projeto que cria a data, no dia 10 de março, já foi aprovado pelos vereadores e só falta ser sancionado”, completa Mandetta.
Fonte: Assessoria de Imprensa