Mostra de Sergio Niculitcheff chega ao Instituto Pavão Cultural, em Barão Geraldo
Fonte e texto: Assessoria de Imprensa
Pela primeira vez reunidas para exibição em Campinas, 17 pinturas em grande escala de Sérgio Niculitcheff, algumas delas inéditas, integram a mostra Etérea Concretude, que estreia no instituto Pavão Cultural, em Barão Geraldo, dia 2. Com tamanhos entre 1,30×1,30m e 2×2,50m, as obras tiram partido da amplitude da galeria, que oferece um dos poucos espaços locais dedicados às artes idealizados para comportar esse tipo de exposição.
As telas selecionadas foram produzidas nos últimos 15 anos e retratam formas a princípio desconexas, um recorte da produção de Niculitcheff que, apesar do período extenso e da disparidade temática que caracterizam o conjunto, é costurado pelo tratamento particular dado às pinturas, segundo o artista.
“Essencialmente, toda a minha produção é permeada pela questão da tridimensionalidade. Os elementos imaginados são tratados com claro/escuro de maneira a tornar palpável sua volumetria, potencializando, assim, o seu vigor. As formas eleitas como tema possuem densidade e se mostram acentuadamente escultóricas em sua representação. Isso conecta o conjunto da obra, dando-lhe uma identificação coesa”, define Niculitcheff.
Sobre as temáticas das pinturas, ele entende que as formas que constituem o seu universo artístico “se mostram misteriosas”, e, embora resultem em uma representação poética singular, constituída a partir de carga simbólica pessoal, possuem “um forte apelo empático” de identificação com o público. Ao tirar figuras como um colchão, uma escada, um livro, de seus ambientes, retratando-as sobre fundo neutro e homogêneo, o artista propõe não simplesmente remover a rede contextual que pode defini-las, mas dirigir a atenção do observador para a beleza que contesta sua trivialidade.
“Elas (as pinturas) enfocam o aspecto lírico do imaginário presentes em figuras do cotidiano. Destituídas de referências temporais e descontextualizadas espacialmente, as imagens apresentadas reforçam o aspecto de um “não-lugar” de objetos banais, que as isolam e silenciam, nos remetendo a procedimentos formais da Pintura Metafísica. Assim, apesar de uma presença quase que física das imagens, elas se mostram visivelmente voláteis, apresentando-se como uma etérea concretude”, elabora o artista.
Para o arquiteto Mário Braga, sócio-proprietário do Pavão, os quadros de Niculitcheff remetem a imagens oníricas. “Me impressiona em sua obra a diversidade de técnicas, sempre apuradas, a precisão e beleza das pinturas, gravuras e esculturas, retratando a simplicidade de objetos comuns como se eles aparecessem durante os nossos sonhos”, comenta.
Braga conta que, embora contemporâneos no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (Febasp), ele na Arquitetura e Niculitcheff nas Artes Plásticas, o contato pessoal é recente, embora a admiração venha de longa data. “Conheci o Sérgio pessoalmente somente há dois anos, movido pela curiosidade de conhecer o autor de uma obra que havia recebido de presente há tempos. Apresentado por uma amiga em comum, fui convidado a conhecer seu ateliê em São Paulo. Trabalhando com expografia e ele sempre produzindo, continuamos a nos manter próximos, inclusive na intenção de viabilizar uma exposição individual. Com a Pavão, surgiu essa possibilidade, e a honra de recebê-la”, afirma.
Etérea Concretude fica em cartaz até o dia 6 de julho e pode ser conferida de quarta à sexta-feira, das 13h às 20h, e aos sábados, das 11h às 17h.
O artista
Sergio Niculitcheff (1960) tem mais de 40 anos de atuação no circuito das artes plásticas. Iniciou sua carreira na década de 1970, tendo desde então exibido suas obras individualmente ou em importantes mostras coletivas no Brasil e no exterior. Possui pinturas no acervo de diversos museus brasileiros e em significativas coleções particulares. Na década de 1980 viajou para a Europa, principalmente França e Espanha, onde participou de exposições e manteve contato com Leonilson (1957-1993) e Luiz Zerbini (1959). Em Paris, foi auxiliar de Arthur Luiz Piza (1928-2017) na Galeria Bellechase.
É licenciado em Educação Artística com especialização em Artes Plásticas pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (Febasp), mestre em Artes Visuais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e doutor em Poéticas Visuais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atualmente leciona disciplinas de pintura no Instituto de Artes da Unicamp.
Visitas mediadas
As mostras do Instituto Pavão Cultural contam com visitas mediadas por monitores para grupos e escolas, planejadas conforme a faixa etária. Todas também incluem, ao final, vivências com diferentes formatos para aprofundar a experiência. As atividades, organizadas pelo setor Educativo do Pavão, são gratuitas para as escolas públicas e entidades de assistência social. Escolas e grupos particulares pagam uma taxa sob consulta.
O programa para as visitas à mostra Etérea Concretude começa com crianças da Educação Infantil (3 a 6 anos) e inclui contação de histórias a partir de um dos objetos representados nas pinturas. “A visitação mediada para crianças da primeira infância terá como foco o diálogo entre as formas de aprendizagem próprias da idade (música, brincadeiras e jogos) para aproximação desse contexto infantil com as qualidades imagéticas dos quadros expostos”, explica a arte-educadora e coordenadora dos projetos educativos do Instituto, Paula Monterrey.
Já para alunos do Ensino Fundamental (7 a 13 anos), há duas modalidades de visita mediada, sempre considerando as etapas de desenvolvimento das crianças e dos pré-adolescentes. Na primeira, após a visitação há a “Vivência de retorno à tridimensionalidade”, em que os participantes serão convidados a desenvolver objetos em massinha a partir da observação de um dos quadros. A segunda, “Vivência de desenho em grande escala”, levantará ao longo da visita uma listagem de objetos do cotidiano dos participantes, que depois deverão desenhá-los de forma coletiva.
A partir dos 13 anos, a proposta é a “Vivência com texturas”. Após a visita, que abordará o processo de feitura das obras e sua relação com a construção da imagem e da representação, os participantes experimentarão usar a técnica sobre papel. A partir dos 15 anos, a mediação abordará técnicas e conceitos teóricos específicos do universo da Arte, contextualizando a obra de Niculitcheff, e ao final será realizada a “Vivência de contemplação”, com observação dos quadros, registro de impressões a partir da escrita automática (experiência surrealista) e compartilhamento das experiências.
Oficina de jogos
Como parte da sua programação de oficinas, o Instituto Pavão Cultural promove no dia 4 de maio o segundo encontro Jogos de tabuleiro modernos, com mediação de monitores da Villa Meeples, empresa especializada em eventos do gênero. Há jogos para todas as faixas etárias e, por enquanto, não são cobradas taxas de participação nas partidas, apenas o consumo no bar.
O Instituto Pavão Cultural
Localizado num prédio com fachada inteiramente coberta com lambe-lambes em tons de rosa e verde flúor assinados pelo muralista Haroldo Paranhos (do Coletivo SHN, de Americana, SP), o Instituto Pavão Cultural foi concebido pelos arquitetos Teresa Mas e Mário Braga como um local para fruir a arte em suas diferentes linguagens. Além das exposições de artes visuais, o Pavão, inaugurado em 28 de fevereiro deste ano, sedia performances cênicas, apresentações de música e dança, oficinas e atividades educativas.
Como parte da grade fixa, a galeria receberá quatro mostras por ano (Etérea Concretude é a segunda, seguinte à coletiva de fotografia Diverso/Diversão) e promove finais de tarde com música ao vivo às quintas-feiras a partir das 18h. A programação completa de atrações será divulgada com antecedência e poderá ser acessada nas redes sociais do Instituto.
SERVIÇO
Instituto Pavão Cultural
Endereço: Rua Maria Tereza Dias da Silva, 708, Cidade Universitária, Barão Geraldo. Campinas, SP.
Telefone: (19) 3397-0040 (atendimento das 10h às 18h)
Facebook e Instagram: @pavão cultural
Para agendamento de atividades e visitas mediadas para escolas e entidades de assistência social: educativo@pavaocultural@org ou (19) 99118-0337 (com Paula Monterrey)