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Alcoolismo Feminino

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Por Nelson Hossri

A bebida alcoólica é símbolo das comemorações, est em todos os cantos do nosso país, tem um grande significado na religião, faz parte da cultura do povo brasileiro, mas não deixa de ser uma droga perigosa, onde cerca de 17% da população é alcoolista, envolvendo jovens, adolescentes, homens, idosos e mulheres.
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São vários os motivos para dar o primeiro gole, amizades, ambientes, problemas financeiros, separação, distancia dos filhos, aposentadoria, etc… Enfim, os bares e a bebida alcoólica perderam a sua característica masculina, hoje observamos uma concentração considerável de mulheres que bebem publicamente em comparação com décadas atrás, em alguns momentos até sobressaem o sexo masculino.

Pesquisas apontam o aumento de mulheres alcoolistas (dependentes do álcool e outras drogas), as mulheres estão deixando de beber dentro de casa, longe dos olhos dos filhos, amigos e companheiros, com isso o problema fica visível e mais fácil para entender o aumento do alcoolismo feminino.

Este aumento aos poucos faz com que o problema comece a aparecer debaixo do tapete. Não que seja o único motivo do aumento, mas considerável pela idade das mulheres que pedem ajuda, normalmente acima dos 45/50 anos.

Além de todos os danos resultantes da dependência do álcool, as mais maduras convivem com o estigma de que é feio mulher mais velha beber. Já as jovenzinhas não enxergam dessa forma e se consideram perdoadas.
O baixo custo da bebida alcoólica e a falta de fiscalização é outro fator que levanta as estatísticas de mulheres jovens alcoolistas, pois é fácil observar menores comprando e consumindo bebida alcoólica, ponto chave para superlotar grupos de alcoólicos anônimos e centros de tratamento.

O uso envergonhado de bebida alcoólica pode até evitar os “porres” em praça pública mas não poupa as usuárias dos riscos. Uma das pacientes em tratamento no Hospital das Clínicas de São Paulo, de 60 anos, sanava a vontade de beber com álcool de limpeza. Tudo para evitar o julgamento do caixa do mercado que ficava em sua vizinhança, onde todo dia ela comprava o produto.
“Prefiro que ele pense que sou maníaca por limpeza do que uma bêbada que não vive sem vinho”, confessou durante a sessão de terapia.

Um levantamento com as pacientes do Promud identificou que 52% delas tinham depressão associada ao alcoolismo. Muitas se ‘automedicam’ com cerveja, cachaça, uísque ou vodca.

O alcoolismo não é o único hábito “genético” passado de mãe para filha. O comportamento violento também aparece na árvore genealógica. As mulheres alcoolistas pesquisadas por Ana Beatriz conviviam com a violência de forma íntima. Tanto no papel de vítimas quanto no de agressoras.

Este álcool como combustível da agressão familiar aparece no pano de fundo de mudanças consistentes no perfil da violência em São Paulo. Os dados preliminares de 549 homicídios esclarecidos e estudados pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), divulgados pela Agência Estado, indicam que os assassinatos dentro de casa passaram de 10% do total em 1999 para 20% em 2010.

No ano de 2009, as mulheres eram 7% das vítimas. Hoje já somam 16%.
Na fatura do crescimento do alcoolismo entre as mulheres de meia idade entra ainda o estresse trazido pelas jornadas exaustivas de trabalho. Os dados colhidos pela reportagem no site do Ministério da Previdência Social mostram que, todo dia, quatro mulheres precisam se afastar do serviço para tratar a dependência química de álcool e outras drogas (em 2010 foram 1.498 licenças trabalhistas).

O fato positivo neste cenário é que começa um movimento, ainda embrionário, de mudança de postura empresarial. Alguns poucos departamentos de recursos humanos deixaram de considerar o alcoolismo um problema moral e, sim, uma questão médica. Varias executivas encaminham pelo RH de seus trabalhos.

Assim, concluímos que a dependência é uma doença crônica, progressiva, mental, física, incurável e espiritual. Porem, é necessário que o Poder Publico entenda a necessidade da prevenção constante junto aos jovens, uma fiscalização severa junto aos estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas e a instalação de um programa de tratamento gratuito para os menos favorecidos seja disponibilizado o mais rápido possível, pois assim teremos uma sociedade informada e as drogas licitas verdadeiramente regulamentadas.


Nelson Hossri
Especialista em Dependência Química – Unifesp
Idealizador do Movimento “Sou Feliz sem Drogas”
Facebook: nelson hossri neto

Fonte:
Programa de Atenção à Mulher Dependente Química (Promud)
Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP).

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